16.8.09

estrangeira II

"Tornar também mais leve essa estranheza" Kristeva

deslizar pela cidade
em sobrevôo – por pouco
as rodas e os pés
tocando o chão como guia
desvendar com eles as tantas
encruzilhadas desertas
rastros e restos de rostos e
edifícios, esquinas, marquises
em tons de cinza ser
corpo que flutua: apontar com o nariz
a paisagem, inventar cenários
saber como ninguém
guardar tudo na retina
e esconder o mundo na ponta
da língua. mas às vezes querer
contar segredos: em pouso arriscado
quilômetros por hora
uma curva, luz amarela
contramão qualquer
desatenção: encostar a língua

Nenhum comentário: