20.4.09

a terceira margem do rio

Sou o que não foi, o que vai ficar calado. (Guimarães Rosa)

corpo que se demora, longe
no meio do rio
onde meus olhos se confundem
e te embaralham: com tanta água
com a canoa que bóia e a sombra
que dança, densa. você flutua
quase miragem, sonho minguante
feito tempo que pára.
enquanto eu, de cá, sou já
quase pedaço de rio, quase pedaço de terra
te espreito e reclamo
do seu pouco caso, meu rosto cansado
na margem: me vejo ao largo
do que fica, vida que demora
lá no meio do rio: meu corpo
cansado no seu

5 comentários:

Lucas Vallim disse...

Muito bonito!

Rodrigo Hellmuth disse...

para um comentário deixar-te realmente feliz, quando o assunto é poesia, só vindo de um grande poeta, ou de uma grande poetisa, tendo umn comentário do Dani e agora, honrosamente, um seu, já me dou por satisfeito por terem deixado-me realemente feliz! Obrigado

Unknown disse...

e aquela fotografia é literalmente um pedaço. cortei o detalhe da foto real, onde está meu rosto inteiro.

http://christina-amaral.blogspot.com/

esse blog é de uma fotógrafa que conheço, ela dá dicas super simples e bacanas. dá uma olhadinha quando puder.

bj

toon fonte disse...

você escreve muito bem. parabens.
vou colocar seu link no meu blog (:

. disse...

esse tal de hellmuth é maior baitola