5.4.10

o amigo imaginado VII

pro meu irmão

gabriel tem um ano a mais que eu, cabelos marrons e olhos espertos. a pequena diferença de idade nunca foi empecilho para o bom funcionamento da nossa amizade. pelo contrário, só fez crescer minha admiração por ele durante todos esses anos. gabriel é dessas pessoas que cativam a todos desde o primeiro contato estabelecido. é bonitinho, simpático e inteligente, ótimo companheiro e joga basquete como um deus em seus plenos parcos sete anos de idade. aparece quando eu quero e some quando eu não me importo. não me importuna, não chora e não briga. não mora nem estuda comigo, mas sempre me visita em casa ou na escola. apesar de imaginário, já o apresentei a vários amigos e parentes, que sempre voltaram olhares muito simpáticos ao pequeno. tanto que um dia descobri gabriel brincando com uma prima mais velha minha, jogando bola e sorrindo, enquanto ela contente me contava sobre a nova amizade que estabelecera. me senti traído e tratei logo de deixar claro que o amigo era meu. e a prima enchendo a boca de um riso sacana. mas arrependimento mesmo foi de tê-lo apresentado ao batman, um labrador preto, saltitante e sem muita noção dos poderes dos seus agudos dentinhos que ganhei há uns meses dos meus pais. ele morre de medo do cão. de uns tempos pra cá passou a me visitar com menos frequência, ainda não sei ao certo se porque eu cresci ou se porque batman andou dobrando de tamanho. na dúvida, culpo o cão e sigo feliz.

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