13.7.08

Segunda-feira qualquer

Uma, duas, três, três vezes olha pros lados procurando o rosto. Disfarça. Faz de conta que é só medo dos carros, da rua, dessas calçadas que andam violentas demais. A cada corpo novo que surge o impulso do gesto, movimento afoito, susto. Quem sabe ao acaso na fila do banco, quem sabe. De resto a imagem que se cria sozinha, de cada traço que conhece com perfeição inventa o rastro, por entre os membros dos que cruzam rápido o caminho tanto. Quer mais compasso. Segue e, quem sabe, às vezes ela sabe que ele a segue, discreto calado por trás dos seus passos. Ela finge que não, gosta e sorri com o coração na mão. Na verdade pula pra fora pela boca os olhos, ah, não para não. Quem sabe na padaria, gosto de pão com manteiga, sem querer ele passa, chocolate quente desce lento pela garganta já um pouco cansada, talvez ele pare, um sonho daqueles bem recheados, pede o de creme o da ponta esquerda, talvez não.

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